quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Respeite seus limites

Respeite seus limites

Mais um pouco de mim....

Caros amigos, passei por muitas experiências tanto na vida pessoal como na profissional. Falarei sobre o que aconteceu comigo quando não respeitei meus limites. Depois, avaliaremos se valeu a pena.

A vida da gente nem sempre acontece dentro do que planejamos. Eu excedi os meus limites. Durante um longo período trabalhei demais. Trabalhei a ponto de não ter tempo de usufruir dos meus ganhos.
Procurava fazer o diferencial, aquilo que em geral as pessoas da minha área não gostavam de fazer. Então, além de empregos fixos, eu fazia consultorias. Minha agenda era tão lotada, que para algumas empresas coloquei preços altos devido a falta de tempo. Houve períodos, mas no final que eu só dormia cerca de 3 ( três) horas por noite. Trabalhava até nos fins de semana e feriados.

Decididamente, minha vida era uma correria, naquela época minha cabeça trabalhava até quando eu dormia. Pois, quando acordava eu tinha uma solução para um problema de um cliente.

Além disso, havia as emergências. Empresas que viviam levando multas da fiscalização sanitária, me ligavam próximo ao período da fiscalização para pôr a casa em ordem, pois já estavam cansadas de serem multadas. Nessa época eu havia feito um curso e estava por dentro das exigências mais atuais que até alguns fiscais acomodados desconheciam. Então, eu fazia uma vistoria e as obras começavam. Se os fiscais apareciam eu era chamada para ir ao local. E lá estava eu, com todo o projeto das mudanças. Falando sobre o que havia sido mudado, o que estava sendo feito e o que estava pra fazer. A essa altura eu já havia colocado expostos todos os procedimentos operacionais padronizados para cada tipo de serviço, assim como havia pronto o manual de boas práticas de fabricação também exposto. Tudo como manda o figurino.

Eu era exigente demais comigo mesma e perfeccionista. O problema de estar atuando em até cinco locais era o fato de que em todos, tudo tinha que estar perfeito. Eu achava que era isso que as pessoas esperavam de mim. Mas, na verdade era eu mesma. Demorou pra que eu chegasse a essa conclusão. Somos nós que impomos a nós mesmos certos comportamentos.

Eu olhava contratos de prestação de serviços e material, via as falhas e os sugeria ao cliente a inclusão de algumas modificações que seriam favoráveis ao setor e ao controle. Montava um novo cronograma para cada tipo de serviço prestado e uma forma de amenizar o máximo qualquer tipo de conchavo entre quem entregava ou realizava o serviço e quem o recebia. Passando uma enorme responsabilidade para a pessoa que recebia. Pois, a corrupção da entrega de um material ou serviço conta sempre com quem recebe. Se você diminui a margem pra que ele trabalhe, controlando os lotes de entrega, fazendo previsão de duração e verificando se está de acordo com a especificação. Assim, temos meio caminho andado, pois desse dependerá ou não outro funcionário. O que despacha e controla o almoxarifado, que pode ser o mesmo que recebe. A seguir, entrará no circuito o funcionário que precisa da mercadoria. Se a mercadoria está prevista para durar 15 dias, a dinâmica do produto já envolve mais de uma pessoa. Pois, se houver desvio, haverá falta da mercadoria. Alguém vai reclamar que faltou.Tudo gira em torno de um controle mais eficiente.

Isso que uma das coisas que eu fazia. E muitos donos de hotéis/empresários ficavam escandalizados como compravam tanto para render tão pouco. Com isso, eu conseguia melhorar ou manter a qualidade do serviço a um custo menor.

A introdução de câmeras nas áreas comuns de trabalho era um ótimo investimento e inibidor do desvio. Era um sugestão que eu gostava de dar. Dava muito resultado, mesmo que alguém não observasse tanto.

Um dia resolvi montar meu negócio próprio, mais uma carga. Não foi pequena. Pois, como microempresária eu administrava, era gerente, era pião, fazia entregas e contava com uma funcionária fixa e um outro que era chamado de acordo com a necessidade. Em geral, as pequenas empresas recuperam seus investimentos em até 2 (dois) anos e então passam a lucrar, quando não quebram. Como eu era muito controlada e fazia os serviços que poderiam ser contratados. Eu consegui ter resultados ainda no primeiro ano. Fazia parte de uma rede de lojas,então eu fui muito humilde. Não cai na tentação de ver o dinheiro entrar e achar que não tinha que reinvestir e fazer o que muitos do setor faziam. Comprar carros de luxo, e outras coisas acabando por se endividar.

Além disso, meu sonho era passar em concurso público. Eu estudava muito e passei, em alguns. Mas, haviam dois do meu interesse. Um deles eu fiquei em 3º.(terceiro) lugar, mas houve uma demora desumana para convocar e empossar o pessoal. Na verdade uma guerra. Mas, essa é outra história.

Eu era impossível! Muito positiva! Quando eu dizia: "vou passar nesse concurso", não importava o número de vagas. Por mais que alguém dissesse: "mas, só são X vagas". Para me desestimular. Minha resposta era curta e grossa: "eu só preciso de uma". Era assim para tudo que eu ia fazer. Eu afirmava antes, que aquele lugar era meu, que eu ia conseguir trabalhar na empresa tal. E me imaginava nele. Não havia espaço em mim para medo, dúvida, insegurança. Eu ia para a luta, eu ia para vencer!

Até que, comecei a ter problemas de saúde. Problemas que negligenciei. Quando a gente não respeita os limites, os sinais que nosso corpo manda dizendo: pare, durma mais, não pode continuar nesse ritmo alucinado! Até que ele dá a ordem que nos faz parar. 

Eu tinha que estar em forma, pronta para entrevistas na televisão, as vezes ao vivo outras gravadas. Eu me desdobrava e era do tipo que dizia: "os mais ocupados são aqueles que sempre arrumam tempo"! 

Eu já havia extrapolado. Acabei vendendo a loja para meu irmão. Estava esgotada.

Hoje vejo que não precisava daquilo tudo. O que ganhei? Eu adoeci. Cheguei a ter picos de pressão alta. Nossa! logo eu que, em geral mantinha minha PA em torno de 100/80 mmHg. Cheguei a ir parar na emergência algumas vezes. As vezes pensamos que somos máquinas. Não damos conta de como somos frágeis. E até as máquinas dão defeito!

Coisas como apagar enquanto dirigia e só me dar conta que isso aconteceu quando uma viatura me aborda foi surreal. Não sabia dizer, como havia ido parar no acostamento. Estava lá e era bastante perigoso. Outra vez aconteceu na BR-116, quando acordei o tempo só foi suficiente para não entrar embaixo de uma carreta. Na terceira vez, fiz um retorno e durante o mesmo, perceba que são milésimos de segundos, o apagão aconteceu, e bati num poste. Me sinto abençoada por em nenhuma das vezes ter acontecido nada de grave.

Isso me afastou da minha profissão. A coisa que mais gostava de fazer. Então, a grande lição que tenho disso, e  desejo deixar para as pessoas é que por mais que tenhamos amor a nossa profissão, todo exagero é deletério. Por mais, que não queiramos dizer não as propostas que surgem, devemos ter um tempo para nós mesmos. Devemos respeitar nossos limites. Dormir o tempo ideal. Descansar nos períodos de descanso. E ter em mente a positividade.

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O trabalho Respeite seus limites de Valéria Araújo Cavalcante foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
Com base no trabalho disponível em http://valeriaaraujocavalcante.blogspot.com.br/2013/08/respeite-seus-limites.html.




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